07/01/2013
A fibrilação ventricular é um tipo de arritmia cardíaca geralmente fatal.
O tratamento é literalmente de choque: usar um desfibrilador para dar um choque elétrico no coração e colocá-lo no ritmo novamente.
Embora salve muitas vidas, reativando as células cardíacas descompassadas, esse choque acaba matando outras células, aos poucos enfraquecendo mais o coração.
E não é apenas isso: o impacto do choque pode ser tão grande que o paciente pode apresentar sintomas de estresse pós-traumático.
Mas isso logo poderá ser coisa do passado, graças a uma nova técnica que reduz a intensidade do choque elétrico.
O Dr. Ajit Janardhan e seus colegas da Universidade de Washington (EUA) desenvolveram uma nova eletroterapia que reduz significativamente a energia necessária para colocar o coração novamente no ritmo.
Os desfibriladores que hoje são implantados nos pacientes com arritmia disparam choques entre 600 e 900 volts, várias vezes mais altos do que a tensão presente na tomada de energia de sua casa.
É comum que pacientes, mesmo reconhecendo que o dispositivo pode salvar suas vidas, peçam que ele seja retirado, de tão “grotesco” e dolorido é o seu funcionamento.
A nova técnica é uma espécie de desfibrilação de baixa voltagem, que substitui o choque traumático por uma série de choques de apenas 20 volts, praticamente indolores e que causam no máximo um susto no paciente.
O coração pode sair do ritmo de muitas maneiras diferentes, mas o que realmente ameaça a vida dos pacientes é a taquicardia ventricular, que começa nos ventrículos, fazendo o coração bater rápido demais para conseguir levar sangue a todas as partes do corpo de forma eficiente.
O resultado pode ser a fibrilação ventricular, a perda total do ritmo do coração, que leva rapidamente à morte.
A nova técnica age no momento da taquicardia ventricular, que dispara um choque para “resetar” o coração e colocá-lo no ritmo novamente.
A novidade é que, em vez de um pequeno choque, os pesquisadores agora descobriram que uma série de choques muito fracos pode ter um resultado mais eficaz.
Ainda que sejam choques em série, a energia total disparada no paciente é cerca de 80 vezes menor do que a aplicada pelos desfibriladores atuais.
“Nós acreditamos que esta tecnologia pode e será implementada brevemente,” disse Janardhan. “Há várias pesquisas cardíacas promissoras para os próximos 20 ou 30 anos mas, como médico, eu quero algo que possa ajudar meus pacientes agora.”
A equipe já recebeu autorização para construção dos primeiros protótipos e espera começar brevemente a testá-los em pacientes.