02/10/2012 – 19:03
Por anos seguidos, os planos de saúde lideram rankings de reclamações do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). Entidades médicas relatam ainda que tem ganhado força o fenômeno do ‘descredenciamento’ de médicos e hospitais. Cansados de protestar, profissionais e instituições gabaritadas recusam-se, em número crescente, a compor as redes das operadoras de planos de saúde. Os valores dos planos, que não são baratos, continuam a subir; enquanto a qualidade, que já deixa a desejar, pode piorar.
O atual cenário da saúde privada no país ganha contornos absurdos. A atual crise consegue gerar um batalhão de descontentes, que vão além dos próprios clientes (veja quadro com reclamações). Médicos, laboratórios, hospitais, governo e as próprias seguradoras se dizem prejudicadas. Este quadro é revelador de que este segmento precisa urgentemente de uma nova regulação, que vai além das necessárias medidas punitivas.
As causas desse ambiente perturbador podem ser agrupadas em dois grupos. Um, de fundo estrutural, está ligado ao descompasso entre receitas e despesas nas operadoras de planos de saúde. Em resumo, essas empresas são obrigadas a bancar custos crescentes e têm barrada sua intenção de promover reajustes dentro do que consideram adequado. Quem paga a conta são médicos, clínicas, hospitais e outros prestadores que não veem sua remuneração aumentar nem a ponto de repor perdas inflacionárias. Outra questão, mais conjuntural, refere-se ao explosivo crescimento da demanda por serviços de saúde. Como o setor cumpre uma triste lacuna deixada pelo estado – que oferece péssimo atendimento à população – número cada vez maior de famílias busca a segurança do setor privado. Este, contudo, não tem conseguido atender a contento o novo público.